Will Grayson é um adolescente comum de Chicago, que mora com os pais e frequenta o ensino médio. Em sua vida, ele se esforça para seguir duas regras muito simples: 1. Não se importar muito com nada. 2. Calar a boca. E ele acredita que todas as coisas ruins que já lhe aconteceram derivam do não cumprimento de uma dessas regras. Seu único (e melhor) melhor amigo é Tiny Cooper que, segundo Will, é "a maior pessoa do mundo que é muito, muito gay, e também a pessoa mais gay do mundo que é muito, muito grande". Não que Will não interaja com outros garotos de sua escola. Na verdade, ele faz parte da AGH (Aliança Gay-Hetero), um grupo de atividades extracurriculares criado pelo próprio Tiny Cooper, e do qual Will só participa por pedido do amigo. Outros membros do grupo são Gary, Nick e Jane, que também se tornam colegas de Will.
Nosso outro will grayson (sim, com letras minúsculas) é uma figura completamente indiferente ao mundo ao seu redor, imerso em suas doses diárias de antidepressivos. Sua única motivação pessoal é seu relacionamento virtual com um outro garoto, Isaac, que mora em Ohio - razão pela qual os dois nunca se viram senão por fotos. Quando ambos decidem que finalmente é hora de se conhecerem de verdade, will embarca em um trem para Chicago, onde o destino lhe reserva uma grande surpresa.
will grayson encontra... Will Grayson e, a partir desse encontro, suas vidas se entrelaçam de tal forma que jamais serão como antes.
Já o norte-americano David Levithan é um escritor premiado, que trabalha também como editor de livros infantis. Publicou seu primeiro livro, "Boy meets Boy" em 2003 e, desde então, vem provocando protestos dos conservadores de direita, com seus romances juvenis que lidam com temas como a homossexualidade. Ele também é fundador da editora PUSH, cujas publicações são destinadas aos jovens adultos.
Green e Levithan tiveram uma ideia genial nesse trabalho co-produzido, onde cada capítulo apresenta o ponto de vista de um dos protagonistas. No caso de will grayson, a narrativa se dá toda em letras minúsculas, mesmo no início das frases. Foi uma estratégia interessante para destacar a diferença entre os dois protagonistas, que têm o mesmo nome.
Embora o livro trate da temática "adolescentes no ensino médio descobrindo suas primeiras paixões (no caso de Tiny, suas incontáveis primeiras paixões), lidando com seus conflitos pessoais e descobrindo uma forma de crescer com eles", a narrativa não perde nem um pouco de sua maturidade, sua postura reflexiva para as questões que continuamos a enfrentar mesmo na fase adulta. Um exemplo disso está em uma das reflexões pessoais de will:
"no entanto, não posso deixar de pensar que "trocar" de vida" é algo em que somente um completo idiota pode acreditar. como se você pudesse pegar o carro, ir até uma loja e comprar uma vida nova. vê-la em sua caixa brilhante, olhar pela tampa de plástico, vislumbrar a si mesmo em uma nova vida e dizer: "uau, pareço muito mais feliz - acho que esta é a vida de que preciso!", levá-la até o caixa, pagar no cartão de crédito. se trocar de vida fosse fácil assim, seríamos uma raça em êxtase. mas não somos, então mãe, sua vida não está lá fora à sua espera, portanto, não pense que tudo que você precisa fazer é encontrá-la e trocar pela atual. não, sua vida é essa mesma, e, sim, ela é uma merda. a vida costuma ser assim. portanto, se quer que as coisas mudem, não precisa trocar de vida, você precisa tirar a bunda da cadeira."
Então é isso, pessoal. Espero que tenham gostado da resenha. Fiquem à vontade para compartilhar as opiniões de vocês sobre o livro, ou mesmo sobre outras obras do John Green e do David Levithan. Podem, inclusive, recomendar outros livros dos autores para as próximas resenhas.
Grande abraço e FELIZ ANO NOVO! :)